02 outubro 2008

Quando amares


Quando amares, vai-te embora
toma o trem, toma o avião,
o auto, o vapor, dá o fora
pisa, rasga o coração.


Suspira, chora, aborrece-te,
assobia, dança, embriaga-te
e se a morte um dia afaga-te
verás, teu amor esquece-te.
Um ano, um dia, uma hora...
Quando amares vai-te embora
sossega êsse coração.

Quando amares vai-te embora
Por êsse mundo de Deus
Vai sem destino, que agora
não saibam os passos teus
onde conduzir-te. A esmo
sem hora, sem rumo, à toa
companheiros de ti mesmo
Verás que a vida ainda é boa.
Vai, anda, parte, dá o fora
Quando amares vai-te embora
domina o teu coração.


Quando amres vai-te embora
Por êste mundo sem fim!
Faz como eu farei agora,
não volto mais, ai de mim!


Blaise Cendrars

(paráfrase de Prudente de Morais Neto)

No poema é dito que quando amares é para ir embora, partir, dá o fora, ir embora por esse mundo de Deus, ir à esmo, sem hora, sem rumo, à toa...Quando li esse poema pela primeira vez tive a impressão de que o amor era algo bom para o poeta. Mas se é bom...Para quê fugir!?
O poeta desde o princípio nos diz para escapar desse sentimento. Talvez ele não queira se entregar, tenha receio...Afinal O desconhecido é profano!

É dito logo no primeiro parágrafo "dá o fora pisa, rasga o coração", talvez tenha o sentido de escoa antes que seu coração seja dominado, rasga o coração, não permita que cresça esse sentimento de afeto. "Quando amares"
Daí no segundo parágrafo tem algo do tipo viva suas mágoas, nas seguites linhas:
" Suspira, chora, aborrece-te"
Já na segunda linha do mesmo parágrafo é superação das mágoas:
"assobia, dança, embriaga-te"
No terceiro parágrafo:
"Vai sem destino, que agora não saibam os passos teus
onde conduzir-te. A esmo
sem hora, sem rumo, à toa"

Note que o lugar nem é importante o importante é ir embora! Fugir! Escapar!

Beijujus!

Quando amares, vai-te embora!

01 outubro 2008

" Entre aspas "

" O meu mal é um mal antigo.
Aos dezoito anos de idade
começou a andar comigo.
E esta sensibilidade põe minha vida em perigo! "

pág.: 219 Ribeiro Couto

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Livro Poetas brasileiros - Antologia da literatura mundial